Uma pesquisa científica pela Universidade Federal do Rio Grande está mexendo com as memórias da cultura rio-grandina. O projeto do estudante do último ano de História Bacharelado, Fernando Milani Marrera de 22 anos que está resgatando a história dos cinemas que foram sucesso em Rio Grande, principalmente o antigo Cine Teatro Glória e pretende transformar todo o material que está reunindo em um documentário.
A ideia de produzir um documentário sempre me acompanhou, pois sou apaixonado por cinema desde pequeno. Quanto ao motivo específico sobre a temática dos cinemas na cidade do Rio Grande partiu da curiosidade que eu possuía sobre o antigo Cine Glória. Estudei no colégio Lemos Junior por dois anos no meu ensino médio e sempre me intrigou ver uma fachada de cinema tão linda e abandonada. Isso me acompanhou até o momento que conheci Virgilina Edi Gularte dos Santos Fidelis de Palma que me apresentou muito material de seu acervo particular. Imediatamente comecei a buscar mais informações e isso se tornou também a temática do meu trabalho de conclusão de curso que também será direcionado para o declínio das salas de exibição na cidade, afirma ele.
Para reunir material para sua pesquisa, Fernando Marrera conta com a ajuda da colega Cintia Machado e do apoio que as pessoas estão dando ao abrirem seus acervos particulares para os estudantes. Começamos por um ponto, entrevistando algumas pessoas mais conhecidas na cidade e que nos indicaram novas pessoas que também nos indicaram mais pessoas. Além disso, como muita das informações estão perdidas e espalhadas em acervos particulares ou em gavetas velhas de um armário empoeirado na casa do vovô, recorremos a um apelo em comunidades da cidade pelo Facebook. Para nossa grande surpresa o trabalho deu uma repercussão inesperada e tivemos mais de 80 compartilhamentos e pessoas nos enviando e-mails e entrando em contato, conta Fernando.Para o documentário, a dupla está reunindo fotografias, filmes, cartazes, acervos de números de bilheterias para contar a trajetória dos cinemas de calçada.
Segundo Marrera, a maior dificuldade para realização deste trabalho vem sendo a localização das pessoas que trabalharam e frequentaram esses lugares. Saber que Rio Grande já possuiu teatros e cinemas de inúmera relevância social para o estado e que hoje estão demolidos ou modificados, dando lugar a lojas, igrejas ou estacionamentos é realmente bastante deprimente. Desta forma me interessei por trazer a história de nossas salas de exibição contada não apenas por historiadores ou de uma forma unicamente acadêmica, mas sim pelas pessoas que vivenciaram e trabalharam nesse meio, afirma. O trabalho, segundo ele, está na fase de reunião do material e as filmagens já iniciaram deste a metade do último mês.
Segundo Marrera, toda a captção do documentário está sendo realizada com equipamento profissional da
Universidade e já existem parcerias sendo firmadas com a UFPEL para a trilha sonora do documentário. A previsão de término do trabalho deverá ocorrer em novembro. Estamos articulando a ideia de uma exibição de lançamento na cidade, mas local e a data ainda será decidido, encerra ele.

